segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Astrid y Gastón Restaurante - Buenos Aires



Como nossa estada era rápida, confesso que tive medo de não conseguir reservar dois restaurantes que há muito desejava ir. Um deles era o Astrid y Gastón - Lafinur, 3222 - Buenos Aires. O Chef peruano Gastón Acurio vem sendo aclamado o queridinho das Américas pela façanha de reconstruir ( ou refazer) a culinária peruana. A culinária peruana está centrada basicamente na relação daquela país com o mar. Não era nada do outro mundo até o Chef Gastón emprestar sua versão moderna e ousada sobre aquela culinária. Ele mantém o básico daquela cozinha, como o fato de abusar dos pescados e frutos do mar, das pimentas e do uso das partes menos nobres das carnes. As espumas estão presentes, é claro. 

Chegamos cedo, 8 e meia da noite. A casa ainda estava vazia, e foi se enchendo lá pelas 9 e meia da noite. O ambiente é clássico: mesas amplas, toalhas e guardanapos de linho, talheres de prata, pratos com diversos formatos, enfim tuo que se espera de um restuarante do porte do Astrid y Gastón.

Um dos salões do Astrid y Gastón

Optamos, é claro, pelo menu degustação. Vale sempre a explicação: o menu degustação permite que você passeie de mãos dadas com o Chef por dentro de sua cozinha. Normalmente não tem erro. Pelo menos até hoje, nunca erramos. Hoje não foi diferente!!!!
Como o menu era baseado em pesacados e frutos do mar, pedimos um vinho que pudesse não fazer confusão com os pedidos: D.V Catena, Chadornnay - 2007. Excelente!!!!

De entrada nos foi servido um ceviche clássico. Peixe fresco, sabor apimentado, cebolas roxas, grãos de milho crocantes (que coisa maravihosa!!!!!) e um pedaço de batata doce. O contraste do caldo de limão, das pimentas e da cebola roxa com a batata doce premiou este clássico peruano.

Ceviche Clássico

O prato seguinte foi outra surpresa: caranguejo centolla, abacate, tomate cereja e ovo de codorniz. A arrumação desse prato fez a diferença!!!! Para se estruturar o peso dos pedaçoes de centolla e do abacate, o Chef montou um pequeno rolete cilíndrico e posicionou os pedaços de centolla, do abacate, com um quarto de tomate cereja e um quarto de ovo de codorniz. Um fino creme de ovos adornava o prato. Que sabores!!!!! Tudo certo, mesmo o ovo que é o terror de qualquer chef, se harmonizou perfeitamente bem com os demais ingredientes, não deixando nenhum sabor após o fim do prato.

Centolla, abacate, tomates e ovos de codorniz

Continuando nossa festa, nosso terceiro prato foi um passeio pela culinária creola: lombo de porco com molho, tomates cerejas coberto por batatas palha e espuma. Lombo derretendo na boca, sabor puxando para a pimenta, batata em sintonia com a carne. Tudo nos conformes da lei. Boa alternância de sabores: mar x terra... interessante mistura. A carne poderia brigar com o vinho, um chadornnay levíssimo...mas não aconteceu.

Lombo de porco

E vamos que vamos......voltando ao mar, o quarto prato foi um polvo. Gosto muito de polvo!!!! Díficil de se fazer, com gosto característico que me remete aos ancestrais portugueses. O nosso veio acompanhando de grão de bico, molho chimichurri (autêntico), pimentas piquillo e verduras orgânicas (está na moda...mas não acredito que sejam orgânicas!!!). Ladeando o prato....um creme de grão de bico. Show....barrou o centolla!!!! A-D-O-R-E-R-A-M-O-S!!! A Olga pediu para fazer para ela, em nossa casa: juro que tentarei...só não sei se vou acertar....


Polvo com grão de bico

No detalhe.....

Nossa quinta etapa foi outro pescado......um namorado grelhado com pele em caldo de shitake fresco acompanhados de brotos de soja e gergelim, feitos numa wok, arroz chaufa branco, frito, com vegetais. Detalhe do prato: o peixe vem num prato gourmet e o arroz em uma pequena vasilha. Você deve misturar o arroz no prato do peixe, junto com o caldo. Que coisa doida.....que sabor (me lembrou de uma arroz de camarões muito parecido com o que nos foi apresentado, um caldão....no Restaurante Lisboa à Noite...em Lisboa). Mais uma surpresa....mais um toque refinado do Chef Gastón!!!

Namorado grelhado


Arroz Chaufa frito com verduras

O último prato foi a surpresa da noite.....Sempre digo que devemos experimentar todos os sabores que nos são oferecidos. Quando o último prato foi servido, não entendi o espanhol falado, primeiro pela rapidez do interlocutor e segundo pelo chadornnay que havíamos pedido que já causava algum tipo de confusão..... Juro que pensei num músculo ou numa carne de peito, estriada e devido ao tempo de cocção...deliciosa!!! Eram três pedaços fartos sobre uma polenta cremosa com molho de malbec e grâos de milho andino frito. Comemos, tudo muito saboroso. Após o prato, já no dia seguinte....fui buscar a tradução: bochecha!! Isto mesmo...bochecha. Sempre tem a primeira vez...deliciosa. Fazer o que!!!!

Bochecha com polenta

Depois de seis pratos, confesso que tinha jogado a toalha e estava pedindo para sair, mas......sobremesa é sobremesa!!!! Vou simplificar o primeiro: sorvete de limão.....com com açúcar em telha!!!! O sorvete er bom, mas a telha de açúcar...nunca tinha visto!!!!


Sorvete de limão...detalhe da telha de açúcar!!!!

A segunda sobremesa....foi a surpresa da noite. Muito se fala na descontrução dos  alimentos, de comida molecular, de espumas...enfim de visões modernas de antigos clássicos. Pois bem....tiramissu!!! Quase abortei....tiramissú.....peruano...fala sério!!! Que loucura...o Chef desmontou um tiramissú, separou seus ingredientes, montou-os num prato e voilá....um tiramissú autêntico!!! Queijo mascarpone, farelo de chocolate, pedaço de bolo de café..... e deu seu toque final.....frutas vermelhas.

Tiramissú

Só nos restou  prestar nossas humildes homenagens ao Chef Gastón e sua equipe. Valeu a visita e a constatação do motivo do Chef Gastón estar sendo aclamado como um Grand Chef!!!!!

Detalhe da conta: gastamos um terço do que gastaríamos por aqui!!!! Vale à pena pensar nesse detalhe!!!!! Eles estão baratos ou nós estamos caros......prefiro ahar que estamos caros, pois até na Europa temos gastado menos que por aqui.

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