terça-feira, 7 de setembro de 2010

Un español de verdad.......Shirley

Shirley


Saímos meio sem rumo para almoçar. Lembramos de várias opções e quase optamos por um lanche rápido. Ainda bem que mudamos de idéia. Estava devendo uma visita ao Shriley - Rua Gustavo sampaio, 610-A - Leme, pois a Olga não conhecia. Conheço o Shirley há algum tempo. Em matéria de espanhol, ele estava sozinho, e na minha modesta opinião continua na liderança sozinho. Longe de compará-lo aos restaurantes do Mercado do Produtor, na Barra da Tijuca,  que se dizem espanhõis, mas não o são, o Shirley nada de braçada nesse quesito. É tipicamente espanhol. Está escondido no Leme, bem no meio. Fachada de botequim, 34 lugares, que se apertados rendem 40 lugares. Ambiente tranquilo, familiar em todos os aspectos. Não tem lista de espera, tem olho de espera. Isto mesmo, olho do garçon Hamilton, que está no balcão da frente e sempre pergunta a mesma coisa: "mesa para quantos".... e quando você solicita a inclusão de seu nome da lista ele responde laconicamente...." Pode deixar que te chamo"... e chama mesmo.

Quando chegamos, a casa estava lotada, claro. Era uma e meia da tarde e optamos por ficar encostados no balcão, de bunda para a rua, comendo umas "entradas" para acalmar a fome. Deixei por conta do Hamilton, que nos serviu uma porção de mexilhões em vinagrete que estavam num pote de plástico em cima do balcão, bem a mostra.Confesso que tenho o maior respeito por mexilhões, tenho respeito e medo. Mexilhão estragado tem o poder de praga de sogra, é quase mortal. Mas resolvemos arriscar: m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o!!!! Sem estar picante ou amargo, no ponto certo e com mexilhões macios. Pedimos pão e matamos esta entradinha.





Quando finalmente fomos para a mesa, pedimos umas sardinhas em molho escabeche que também estavam sobre o balcão em pote semelhante aos mexilhõe. Minha genética portuguesa, como carinhosamente diz a Olga, não me permite esquecer de sempre que possível, comer uma sardinha, não importa o local ou o modo de preparo. Vieram umas quatro das grandes, ao estilo "em conserva", mas com molho de escabeche. Meu pai as fazia de forma diferente, eles as fritava à milaneza, abertas e sem espinhas e depois as colocava para marinar no molho, dentro da geladeira de um dia para o outro. "Dormiam no frio"..... Resolvi comer ao estilo "meu avô" e pedi uns pães franceses e coloquei uma sardinha dentro, sem as espinhas, é claro, depois coloquei uns pimentões do molho, uns pedaços de cebola e azeite, muito azeite. Fechei o pão, os olhos, e me deliciei com o sabor e a memória dos sanduíches que desde pequeno vi meu avô fazer.


Por fim pedimos um prato para dois, pois no Shirley, um prato serve dois. Lagosta a la plancha. Lagosta grelhada, com batatas cozidas e molho de manteiga. Simples, gostoso e barato. Bem ao ponto, sequinha e macia. Detalhe: ela foi retirada do balcão frigoríco que fica na entrada e me foi "mostrada" ao natural, fresquinha, para aceitação. Só em Portugal e Espanha você vê esse tipo de coisa......








O interessante dessa estória foi de que procurei o Shirley por dois motivos: primeiro que a Olga não conhecia, segundo que eu queria provar na prática que ele merece muito mais destaque que o concorrente de São Conrado.Está certo que ele não tem rosas vermelhas nas colunas, não tem paredes de laminados de ferro, não tem vista para o mar, não tem Valet, aliás não tem nem onde parar o carro - aconselho tentar a praia e vir a pé mesmo, não tem seguranças na porta, nem porta pivotada, pois nem porta tem, mas..... de que valem as espumas, as infusões, os Jerez servidos, os garçons que falam três idiomas, os maitres, a gentileza da sommelier, os pseudo pratos "da nueva cocina", se você sai com a impressão de que não comeu nada que justificasse o preço pago. Hoje comi por um rei por um terço do valor e almocei dobrado. Saí satisfeito e rendendo mais uma homenagem ao Shirley....... que venga el toro!!!!!!!!

Aliás, como li no cardápio do Shirley: " Sueñe como un Quixote, y saboree como Sancho"

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